Entrevista com Brian Baker
Por Jaisson Tato (Rock Online, Setembro de 99)
Quando vocês tocam em lugares mais distantes como o Brasil, vocês mudam o set list?
Brian Baker: Basicamente tocamos sempre em torno de trinta e cinco músicas, talvez umas seis do álbum novo e o resto dos outros treze. Como você pode ver, não é fácil tocar isso tudo. Procuramos sempre fazer uma combinação das duas coisas, pois temos músicas em cada álbum que o público gosta, e tentamos tocar alguma coisa um deles.
O material gráfico de No Substance contém uma visão crítica aos programas de TV que oferecem uma auto-ajuda. Como rolou essa idéia?
Brian: São apenas algumas fotos de coisas que enchem o saco na sociedade americana. Essa foto com o livro "Help Me To Help You" é o tipo de coisa que é usada pelos evangélicos na TV. Colocamos uma série desses telefones que as pessoas usam para buscar ajuda, e enriquecem os donos do serviço, todos aqui dos Estados Unidos. Tentamos brincar um pouco com isso.
Em muitas músicas de No Substance, o Bad Religion soa muito mais pesado que antes. Seria uma espécie de resposta para quem considera o som da banda melódico demais?
Brian: Você acha? Eu não sei, mas talvez o som esteja um pouco mais lento, mas eu não acho que esteja tão pesado assim. Quando fazemos álbuns as músicas vão aparecendo, e nós não pensamos em fazer nenhum tipo de mudança.
Como rolou a participação do Campino, do Die Toten Hosen, na faixa Raise Your Voice!?
Brian: Ele é um amigo nosso de muitos anos e iria participar do Gray Race, mas estava ocupado na Alemanha. Quando estávamos fazendo parte das mixagens de No Substance, Campino estava em Nova York com Greg Graffin, que o convidou para vir ao estúdio e fazer a gravação.
Você já tocou em diversas bandas seminais para o punk rock antes de entrar para o Bad Religion, que agora é uma banda que pertence ao mainstrean. Que diferenças você pode citar entre essas bandas e o Bad Religion no estágio atual?
Brian: Todas as bandas do início do punk nas quais toquei não tinham nenhum objetivo de fazer nada. Todas se pareciam muito com o que diz a música "Hippy Killers". Nós tocávamos porque era uma diversão e nunca pensávamos em coisas do tipo uma carreira que pudesse enriquecer muitas pessoas. E no Bad Religion é tudo muito mais complicado do que era na outras bandas. Eu estou mais velho agora e tenho um outro ponto de vista, me sinto muito mais profissional estando no aqui, porque eu sei quantas pessoas nós alcançamos, então é mais responsabilidade.
Agora você tem um divertimento profissional...
Brian: É o meu emprego e me faz trabalhar mesmo, porque não é apenas um hobby... É diversão sim, mas é importante para mim.
Você acha que o Bad Religion é o responsável pelo sucesso da geração punk dos anos 90 pelo mundo afora?
Brian: Eu acho que foi o Ramones quem fez isso...
Em geral, fica uma imagem ruim na mídia quando bandas deixam gravadoras independentes para assinar com uma maior. Como foi com o Bad Religion?
Brian: A princípio todos na banda piraram por cerca de um ano, mas depois nós nos demos conta de que o álbum seria o mesmo se fosse gravado pela Epitaph, e então ninguém se importou mais. Está tudo bem agora. Por alguma razão... eu não sei... é meio estúpido... O que eu não entendo, é como uma gravadora pode mudar sua música? Eu não me importo por qual gravadora o álbum vai ser lançado.
Existem muitas bandas no Brasil fazendo um som parecido com o de vocês...
Brian: Eu acho bom, quanto mais pessoas tocarem dessa forma, melhor. Não vejo nenhum problema. Toda banda se parece com outra, até que desenvolva seu próprio estilo.